09 fevereiro 2010

Brasil é pressionado por apoio ao Irã

Diplomatas europeus reclamam, nos bastidores, que a posição brasileira tem dificultado a imposição de novas sanções ao Irã pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU. A informação foi divulgada pelo jornal francês Le Monde em sua edição de ontem. Segundo a França, é necessária uma atuação em bloco dos membros do CS para que uma resolução seja aprovada. Só a unanimidade colocaria pressão sobre a China, membro permanente e com poder de veto, que não está disposta a apoiar novas sanções. EUA e França renovaram ontem a exigência de punição a Teerã, depois que os iranianos anunciaram planos para enriquecer seu próprio urânio.

Para ser aprovada, uma resolução precisa de 9 dos 15 votos do Conselho, incluindo os 5 votos dos membros permanentes - a abstenção não é considerada veto. Além do Brasil, que assumiu uma cadeira em janeiro, a Turquia e a Nigéria, países de maioria muçulmana, também membros não-permanentes, tendem a apoiar a continuação das negociações. O Líbano, cujo governo é formado por uma coalizão com o grupo xiita Hezbollah, é outro país que dificilmente votaria em favor de sanções ao Irã.

O Brasil havia assumido a posição de interlocutor entre o Irã e o Ocidente. O Itamaraty ainda defende um acordo para a troca de urânio enriquecido por combustível nuclear com o Irã. A diplomacia europeia, porém, aponta a atitude brasileira como um empecilho à aprovação de novas sanções a Teerã. Paris, Londres e Nova York estariam fazendo gestões para que o Itamaraty reveja sua posição.


RESPOSTA

Na ONU, os franceses indicam que o tema vem sendo tratado entre a diplomacia europeia e a brasileira. O frequente contato entre o chanceler Celso Amorim e os diplomatas iranianos é visto como um canal de diálogo entre o Ocidente e Teerã, mas, para os europeus, o diálogo tem um "limite".

Em Brasília, o Itamaraty reforçou ontem sua posição em favor do diálogo entre o Irã e o Sexteto - EUA, França, Grã-Bretanha, China, Rússia e Alemanha - sobre o acordo de troca de urânio por combustível nuclear. Amorim disse que falou na semana passada com o secretário de Estado da França para Assuntos Europeus, Pierre Lellouche. Segundo o chanceler brasileiro, apesar da posição dura da França sobre o Irã, em nenhum momento ouviu de seu interlocutor que não havia mais espaço para o diálogo.

"Considero que não estão esgotadas as possibilidades de se alcançar uma posição comum entre o Irã e o Sexteto", afirmou Amorim, por meio de sua assessoria de imprensa. A posição indica que o Brasil não apoiará novas sanções no Conselho.

Para o Le Monde, apesar de não ser o único país a defender a continuidade do diálogo, o Brasil está "em primeiro plano" entre os países emergentes com assento rotativo no CS contrários às sanções. "O gigante da América Latina tem uma voz distinta do Ocidente sobre a questão nuclear iraniana", afirmou o jornal. "Ele (o Brasil) quer favorecer o diálogo e julga que pressões são contraproducentes."

O jornal lembra que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, visitou o Brasil quando estava sendo alvo de ataques por ter escondido da ONU um dos locais de enriquecimento de urânio. O jornal destaca os acordos comerciais assinados entre os dois países e a visita a Teerã do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcada para maio.

Há uma semana, o governo de Ahmadinejad afirmou ao Estado que quer o Brasil como seu "principal aliado político" nas Américas. A declaração foi dada pelo chefe do gabinete, Esfandiar Rahim Mashaie, principal assessor político do presidente.

"O Brasil é um aliado estratégico e temos uma coisa em comum: ambos lutamos pela independência", afirmou Mashaie. "O ponto central da política externa do Brasil é não deixar que ela seja ditada pelos outros."


Fonte: Estadão

Presidente do Haiti chega a Quito para cúpula da Unasul

O presidente do Haiti, René Préval, chegou na noite dessa segunda a Quito para comparecer à cúpula extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que procura coordenar a ajuda regional ao país caribenho após o terremoto de 12 de janeiro.

Ao chegar à base aérea do aeroporto de Quito, em curtas declarações à imprensa, Préval expressou seu otimismo com o resultado da reunião presidencial da Unasul e agradeceu os países deste grupo pela ajuda oferecida a sua nação.

O presidente haitiano foi convidado pela Unasul, cuja Presidência temporária está a cargo do Equador, para coordenar a ajuda sul-americana à nação caribenha. A reunião presidencial extraordinária da Unasul abordará exclusivamente a situação no Haiti e buscará definir a atuação do grupo a partir das necessidades concretas do país, declarou o embaixador equatoriano Emilio Izquierdo, coordenador da Unasul.

Em declarações a jornalistas, Izquierdo explicou que se prevê desenhar uma estratégia para a reconstrução do Haiti, não só no aspecto físico, mas institucional e produtivo, baseada fundamentalmente na geração de empregos.

Está em Quito, além de Préval, o presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Devem chegar à cidade nas próximas horas os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez; da Colômbia, Álvaro Uribe; do Peru, Alan García, e o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera.


Fonte: Terra