01 março 2010

Mujica ratifica compromisso com o Mercosul


O novo presidente do Uruguai, José Mujica, reafirmou nesta segunda-feira seu compromisso com a integração regional ao dizer, durante seu discurso de posse, que os uruguaios são "Mercosul até que a morte os separe". "Somos Mercosul até que a morte nos separe, e esperamos uma atitude recíproca", afirmou Mujica diante dos vários presidentes latino-americanos que foram vê-lo jurar o cargo em cerimônia solene no Parlamento de Montevidéu.

O Mercosul é integrado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela está em processo de integração formal, ainda falta ser ratificada pelo Parlamento paraguaio. Em seu primeiro discurso frente à Assembleia Geral (senadores e deputados), Mujica reafirmou seu compromisso com o processo de integração regional.

Compareceram à cerimônia os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva; Fernando Lugo, do Paraguai; Evo Morales, da Bolívia; Álvaro Uribe, da Colômbia; Rafael Correa, do Equador; e Hugo Chávez, da Venezuela.

Além disso, Mujica considerou a presença dos chefes de Estado como "um compromisso com a democracia" e disse: "é bom sentir ''tête-à-tête'' esse apoio".

Ele afirmou que seu Governo, o segundo de esquerda na história do Uruguai, vai fazer "o máximo possível" para destinar recursos à área social. "Atualmente, 2% dos uruguaios vivem abaixo da linha da pobreza, o que é uma vergonha nacional", disse o líder em sua mensagem de posse.

Segundo o presidente recém-empossado, "um em cada cinco uruguaios são pobres. Isso não é justo, mas, além disso, é perigoso. Não queremos um país apenas com números positivos, mas um país bom para viver".

Mujica, que antes e durante a ditadura do Uruguai (1973-1985) esteve preso em duras condições, afirmou que as Forças Armadas do país "estão cheias de pobres". Ele reiterou seu compromisso para apoiar aos soldados com planos de moradia e melhorar seus salários.

Fonte: Terra

Homenagens relembram os 100 anos de Tancredo Neves


Com a presença do ministro das Comunicações, Hélio Costa, e do governador Aécio Neves, será lançado hoje em Belo Horizonte um selo comemorativo do centenário de nascimento do ex-presidente Tancredo Neves. O evento faz parte de uma série de homenagens que irão se prolongar até 21 de abril - o dia de sua morte, um dos traumas nacionais no recente período da redemocratização.

Na quarta-feira, o Congresso realiza uma sessão solene para lembrar o primeiro presidente civil após o golpe militar de 1964. Na quinta, será inaugurada em Belo Horizonte a nova sede do governo do Estado, projetada por Oscar Niemeyer, com o nome do ex-presidente. No mesmo dia reabre em São João Del Rey, completamente reformulado e com o patrocínio de empresas privadas, o Memorial Tancredo Neves. As comemorações prosseguirão nas semanas seguintes com exposições, lançamentos de livros e de um documentário cinematográfico dirigido por Silvio Tendler, homenagens na Academia Brasileira de Letras e no Museu Histórico do Rio e outros eventos.

Tancredo nasceu em São João Del Rey no dia 4 de março de 1910. Foi deputado federal, senador e governador de Minas. Também fez parte do gabinete ministerial de Getúlio Vargas - no período democrático - e ocupou o cargo de primeiro-ministro no curto período parlamentarista que o Brasil teve, no início dos anos 60, no governo de João Goulart.

Tido como político conciliador e hábil articulador político, ele ocupava o cargo de governador de Minas pela segunda vez quando lançou-se candidato a presidente. Foi eleito no dia 15 de março de 1985, pela via indireta, no Colégio Eleitoral. Seria o sucessor do general João Baptista de Figueiredo, o último representante da dinastia de militares que se sucederam no poder desde 1964, e havia enorme expectativa em torno do governo que chefiaria.

Com a posse marcada para 15 de março, ele ainda estava compondo seu ministério quando foi vítima de uma infecção generalizada, que o levaria à morte 31dias depois. Seu vice era José Sarney, oriundo do PDS, antigo partido de sustentação da ditadura. As multidões que saíram às ruas para a despedida final, em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, foram o atestado do trauma que a morte representou para a chamada Nova República.

Passados 25 anos e cinco presidentes, um dos quais apeado do poder por um processo de impeachment, a memória dos 50 anos da carreira política de Tancredo parece cada vez mais reduzida ao período de transição democrática, quando participou da campanha pelas eleições diretas e, em seguida, foi ao Colégio Eleitoral.

"Os jovens não sabem quem ele foi e os mais velhos estão restritos às imagens das Diretas Já. Só quem conhece a história do Brasil sabe quem ele foi realmente", diz Andrea Neves, neta mais velha de Tancredo e principal articuladora das comemorações do centenário.

Para ela, o avô deveria ser lembrado como um intransigente defensor da ordem e dos princípios democráticos. Ao falar sobre o assunto é capaz de arrolar em minutos mais de uma dezena de episódios marcantes da história em que o avô mostrou fidelidade a esse princípios. Um exemplo: "Na eleição do marechal Castelo Branco, no Congresso, só dois deputados votaram contra. Um foi meu avô."