27 janeiro 2010

Descrição de um diplomata, por Machado de Assis

Esaú e Jacó - CAPÍTULO XII / ESSE AIRES

Personagem: José da Costa Marcondes Aires

"Esse Aires que aí aparece conserva ainda agora algumas das virtudes daquele tempo, e quase nenhum vício. Não atribuas tal estado a qualquer propósito. Nem creias que vai nisto um pouco de homenagem à modéstia da pessoa. Não, senhor, é verdade pura e natural efeito. Apesar dos quarenta anos, ou quarenta e dois, e talvez por isso mesmo, era um belo tipo de homem. Diplomata de carreira, chegara dias antes do pacífico, com uma licença de seis meses. Não me demoro em descrevê-lo. Imagina só que trazia o calo do ofício, o sorriso aprovador, a fala branda e cautelosa, o ar da ocasião, a expressão adequada, tudo tão bem distribuído que era um gosto ouvi-lo e vê-lo. Talvez a pele da cara rapada estivesse prestes a mostrar os primeiros sinais do tempo. Ainda assim o bigode, que era moço na cor e no apuro com que acabava em ponta fina e rija, daria um ar de frescura ao rosto, quando o meio século chegasse. O mesmo faria o cabelo, vagamente grisalho, apartado ao centro. No alto da cabeça havia um início de calva. Na botoeira uma flor eterna."

"Posto que viúvo, Aires não foi propriamente casado. Não amava o casamento. Casou por necessidade do ofício; cuidou que era melhor ser diplomata casado que solteiro, e pediu a primeira moça que lhe pareceu adequada ao seu destino. Enganou-se: a diferença de temperamento e de espírito era tal que ele, ainda vivendo com a mulher, era como se vivesse só. Não se afligiu com a perda; tinha o feitio do solteirão. Era cordato, repito, embora esta palavra não exprima exatamente o que quero dizer. Tinha o coração disposto a aceitar tudo, não por inclinação à harmonia, senão por tédio à controvérsia."

"Não cuides que não era sincero, era-o. Quando não acertava de ter a mesma opinião, e valia a pena escrever a sua, escrevia-a. Usava também guardar por escrito as escobertas, observações, reflexões críticas e anedotas, tendo para isso uma série de cadernos, a que dava o nome de Memorial."

Lei Rio Branco: o pai


No capítulo IX / Vista de Palácio do livro Esaú e Jacó, o pai dos gêmeos Pedro e Paulo estava pensando, entre outras coisas, na Lei Rio Branco. Mas qual era o motivo da preocupação de Santos com tal lei?

Lei do Ventre Livre ou Lei Rio Branco, de 28 de setembro de 1871. Elaborada e aprovada pelo gabinete conservador do Visconde do Rio Branco. De acordo com essa lei, os filhos de escravos nascidos a partir da data de sua aprovação eram considerados livres. No entanto, ela mantinha o direito dos senhores ao trabalho dessas crianças até os 21 anos.

José Maria da Silva Paranhos, primeiro e único visconde do Rio Branco, foi um estadista, professor, político, jornalista, diplomata e monarquista brasileiro. É considerado ao lado de Honório Hermeto Carneiro Leão, marquês de Paraná, o maior estadista do Segundo Reinado (1831-1889).

Senador do Brasil pelo Mato Grosso
Mandato: 11ª a 17ª Legislatura (senador vitalício)

Primeiro-ministro do Brasil
Mandato: 1871 a 1875

Ministro das Relações Exteriores do Brasil
Mandato: 1855 a 1857, 1858 a 1859

Ministro da Marinha do Brasil
Mandato: 1853 a 1855, 1856 a 1857

Ministro da Fazenda do Brasil
Mandato: 1861 a 1862, 1871 a 1875

Ministro da Guerra do Brasil
Mandato: 1871

Nascimento: 16 de março de 1819 - Salvador
Falecimento: 1 de novembro de 1880 (61 anos) - Rio de Janeiro

Títulos: Visconde do Rio Branco, conselheiro, cavaleiro grã-cruz (GCAB, GCLH, GCVV, GCJC, Ordem de Carlos III e Ordem de São Maurício e Lázaro), dignatário da Imperial Ordem do Cruzeiro, cavaleiro da Ordem de Leopoldo I, e comendador da Ordem da Rosa.

Monarca: Dom Pedro II

Partido: Conservador

Importante: Visconde do Rio Branco, responsável pela Lei do Ventre Livre, era pai do Barão do Rio Branco, responsável pela consolidação das fronteiras brasileiras. Pai e filho foram diplomatas e defensores do regime monárquico.

Guimarães Rosa - Médico, Diplomata e Escritor


Este vídeo pode ser encontrado no site Domínio Público que indiquei na semana passada. Para mim, foi uma grata surpresa descobrir que Guimarães Rosa fez o concurso para diplomacia. Você consegue imaginar a nota da redação dele?

E é com uma inspiração assim que vou seguir este ano de 2010. Desejo bons estudos para quem passou nesta primeira etapa. Vão em frente e dediquem-se ao máximo! Como decidi estudar até passar, em breve nos veremos.

Por hora, irei refazer toda a leitura básica da biliografia da prova começando por Esaú e Jacó.